domingo, 15 de setembro de 2013

Foda Ritmada

Escrevo uma canção Para uma foda ritmar Que seja guiada Pelo ritmo do meu desejo Eu, que já não sou casta, Quero-me mais intensa Fodê-lo com calma Deixá-lo entrar no meu compasso Mudo a linguagem Desalinho os cabelos Eu não quero dúvidas Sobre o que espero Traga suas meias palavras Para eu calar num beijo Eu não me importo Se de bom tom não pareço Não quero causar boa impressão Se teus dedos me apertarem forte Sem reservas Que fiquem eles impressos Na extensão do meu corpo Nas mordidas dos meus lábios Entrecortando a minha respiração Vou esta noite Me separo do vestido Te apresento meu lado mais doce Quero sentir o teu gosto Saber que o teu corpo Acordará exaurido E, na gratidão do gozo, Bom dia será outro ritmo Foda pra uma outra canção





domingo, 8 de setembro de 2013

Eu escrevo um poema chamado Liberdade


Um poema nascido do sentido sem sentido
Que mora na palavra " PROIBIDO"

E viaja sempre nos abraços do MISTÉRIO

Se tentar deter essa rima ausente
Se tentar parar esta voz que grita
No meio do mato ou enquanto vagueia na rua

Não haverá viço na vida
Todo verso será por encomenda
Um ligeiro fracasso, uma lisonja, uma mentira


Eu escrevo um poema com o nome Liberdade
Enquanto caio na grama, me deleito
Nos sons, à vontade, da sua voz

Porque quero ver livres tais palavras
Passando de boca-a -boca
Recriando gostos e formas gestuais

Porque os meus olhos nem imaginam
Os pensamentos do homem-menino
Dormentes no silêncio da sua acompanhada solidão

Este poema escapa no não-falado

Nas pontas dos meus dedos
Nas canções que não temos cantado


Vai livre e direto pro teu coração!



quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Cola teu peito junto ao meu

Num abraço que se demore

Cola tua alma na minha
E que tocar a palma da minha mão
Deixe de ser um mero detalhe

Me espere amanhã
Quando descer a tarde
Não fale nada
Quando eu mergulhar 
Na tua sombra
Quando eu não conseguir
Emergir à realidade

Pode sufocar a minha mente
Parar a minha criação
Permaneça, incólume,
Eu tentada à irreverente
Mentindo alguma distração
Enquanto me concentro
No mistério que ferve
Sob tua superfície
Falsamente calma...

Deixa viver nas palavras
Desnecessárias
O questionamento,
A dor,  a dormência,
Às vezes o Destino é
Tão arbitrário

Eu só lamento não ter calma
Não ter me cansado
Destes mergulhos
Em águas tão profundas

Há um regozijo
No retardo da descida
No qual eu me embriago
Tão silenciosamente

Há tesouros esquecidos
Que aos meus olhos
Cegam, brilhando,
Alheios à tua austeridade

Às águas paradas
Vou me deixando
Imergindo
Por pura vontade.


sábado, 20 de abril de 2013

O que é a carne?
Vã significância de múltiplos enlaces, fim de toda comunicação, língua universal?
Que é o homem?Verbo carnal? Papiro pra esta escrita visceral?Que sou eu? Fonte? Córrego?Estrada pra estes desejos? As almas se desentendem enquanto as carnes vivamente dialogam...

As lentas horas de agonia
Afoguei-as naquele copo
Uma taça de esperança
Vadiando entre meus dedos

O amargo da língua
A impressão de que há
Qualquer coisa não-dita
Afogo-as também
Afago-as meu bem

in
" O amaríssimo travor do seu dulçor"

O Episódio da Carta

A noite vazava em meus olhos cansados com sua tênebra espessa, fria... À bem da verdade àquela hora era já madrugada e aquelas sensações eram tudo o que eu desejava. Minh'alma estava cansada, torturando-se em vão pelas cartas tolas que havia lido as cartas dela- que eu quis incinerar ou simplesmente nunca ter posto os olhos. Mas houvera posto... E as palavras dela queimavam em mim, espetavam meus pensamentos mais calmos, excitavam a minha imaginação...
Intranquilo por dentro, fiz de tudo, usei todo o meu talento para soar irreverente. Soube que havia obtido sucesso quando seus olhos desprenderam-se dos meus, escondendo a ternura, quase de imediato. E suas mãos deixaram sobre as minhas o embrulho de fino-trato e odor delicado.
Quis deixá-la partir naquele fim de tarde, ver sua silhueta como que a entrar no sol vermelho como uma borboleta se perdendo dentro da flor.
No meio-fio mesmo me deixei ficar, sentado enquanto a cena toda perdia o elemento desconcertante e começava a soar como “nada-em–especial”. E, foi assim, sem paixão e com apenas uma dose de curiosidade que desfiz o laço azul sobre o papel vermelho... E, num instante lá estava, sentindo-me tragado por um turbilhão, mãos que me afagavam, bocas que me mordiam!... Eram assim as palavras que ela me dizia!
Demorei a associar com a face angélica, mas de tanto rebuscar vi que meus olhos estavam cegos... Nunca a viram!
Como que num despertar, suas curvas delinearam-se em minha memória, os vestidos – antes só florais para mim – encurtaram-se, transpareceram e tudo o que era tão seu agora me era tão novo, recém-construído!
As ruas que subi eram quentes demais para me oferecerem abrigo e eu estava tonto por ver a rosa despontando em meio ao asfalto improvável.
Assim cheguei turvo, madrugada-após-madrugada, turvo de pensar que ela se envolveu no brilho daquele sol e eu fiquei à margem, de covardia, vendo-a desaparecer repetidas vezes e, de uma vez por todas.




Emprestei meu corpo ao teu sentimento
E de uma só vez, esqueci-me a mim mesma
Eu mudei de tom, refiz meus passos
Foi tão rápido instante, sequer reconheci
O que foram meus atos
E me observei a uma distância insegura
O que eu temia?
Qualquer coisa minha que parecia sua...